Em Junho deste ano, 40 dos homens e mulheres mais ricos dos Estados Unidos divulgaram que deixariam metade de suas fortunas para investimento social privado. Bill Gates e Warren Buffett comandaram esta mobilização. A revista Forbes estimou que o total dessas doações deve chegar a US$ 200 bilhões.
No caso dos EUA, alguns críticos passaram a discutir a possível tensão entre o governo e filantropistas deste porte.
Olhando para o Brasil, sabemos que o país passa por um rápido crescimento de milionários (mais de US$ 1 milhão) nos últimos anos. A consultoria Boston Consulting Group estima que o Brasil é hoje o 17 país com o maior número de milionários (aproximadamente 127 mil famílias).
É sabido que Gates e Buffet já iniciaram conversas na China e Índia para convencer milionários “emergentes” a doar boa parte de suas fortunas. Aparetemente, o Brasil está na lista. Não me admiraria se o exibicionista Eike Batista fosse o primeiro a alardear que colocará a mão no bolso. Neste caso, creio que extravagâncias de milionários brasileiros seriam bem-vindas – especialmente se tais recursos forem canalizados para melhorar a vida de 41.5 milhões (23% da população) de brasileiros que vivem em estado de extrema pobreza.
Vale lembrar a lógica de Buffet: “se abrir mão de metade do que tenho, ainda vivo muito melhor que a maioria dos norte-americanos”. Imaginem no Brasil…
Claro que para se montar um esquema desta dimensão é preciso ter muito claro como esse dinheiro será gerenciado e gasto, bem como que resultados eles gerarão para a sociedade. Ao invés de competir com o governo, é sempre melhor coordenar prioridades e gastos entre diferentes fontes. Mesmo que a pressão possa ser “externa”/”americanizada” e os motivos não possam ser os mais genuínos (exibicionismo de gente rica), a pergunta que fica é: Por que não dar?
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