As
últimas notícias de decisões de política econômica do governo brasileiro
espantam não somente pelo conteúdo, mas pela forma também.
1.
Hoje, Mantega anunciou que Tesouro vai liberar R$ 100 bilhões para o BNDES até
2010. Os recursos virão de títulos públicos (mais dívida pública!) e de superávit
financeiro. Este volume colossal de recursos será transferido ao BNDES e, conseqüentemente,
a grandes empresas do setor de infra-estrutura e Petrobrás a preço de banana.
Leia-se: TJLP + 2.5% para 70% dos recursos e taxa de capitação externa para o
restante. O reluzente Ministro ainda admite que não faltarão recursos, pois a "oferta
(de créditos estará) acima da demanda e com custos reduzidos, taxas abaixo das
do mercado". Em economia, tal afirmação se chama "burrice", pois
está admitindo que irá usar os recursos de maneira ineficiente.
2.
Como no caso – frustrado – das companhias automobilísticas, advogam que criarão
empregos. Vamos esperar para ver… especialmente o valor líquido em esfera
nacional, pois pode haver criação de empregos nesta meia dúzia de empresas,
enquanto a maioria do mercado está demitindo.
3. A
excessiva preocupação com a Petrobrás parece que está passando do limite do que
se considera racional.
4. O
mais assustador é que o Ministro não traz nenhuma projeção fiscal com base na
política adotada. Como se a receita do governo não fosse cair como conseqüência
do arrefecimento da atividade econômica e que tais intervenções não fossem
elevar a dívida pública para níveis indesejáveis.
5.
Naturalmente, devemos ser céticos com projeções que o governo apresenta, a exemplo
do crescimento de 4% calorosamente defendido, enquanto o mercado prevê ao redor
de 2%. O pior é que a equipe do governo crê que projeções macroeconômicas sejam
algo parecido com "números-de- desejo" ou
"metas-a-atingir". Não preciso dizer o quanto esta postura contribui
para corroer a credibilidade do governo e confiança nele.
6. A
taxa Selic foi reduzida 1%, com clara pressão do Presidente.
7. O
próprio Presidente reuniu todos os bancos públicos para "pedir" que
diminuíssem o spread bancário (claro que todos sabemos que é alto!). Parece que
estamos voltando aos tempos em que bancos comerciais públicos participavam
ativamente da implementação de política econômica e eram dirigidos pela
política e não por boas práticas de mercado.
8. As
políticas adotadas são tópicas, focadas um setor – chamado PAC – e não
condizentes com as boas práticas de política econômica. Claro, que agora vão
dizer que não existem mais parâmetro ou regras e que se deve fazer tudo para se
salvar. Porém, é preciso prudência e preocupação com a credibilidade das
instituições públicas em momentos de crise.
9.
Certamente, não irão faltar recursos para a campanha do(a) escolhido(a) do Sr.
Presidente à presidência.
10. O
Presidente adora falar sobre a Lulândia, o país que construiu em seu imaginário
e discursa sobre, porém não pode deixar de lembrar que decisões equivocadas
podem afetar negativamente milhões de cidadãos em empresas brasileiros e
comprometer o trabalho de muitas pessoas sérias ao longo das últimas duas
décadas.
Menos
voluntarismo, mais visão sistêmica e técnica… é tudo o que pedimos.
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