Então é primavera. Não no Rio de Tim Maia, mas em Washington. As cerejeiras floridas fazem da paisagem da cidade cartão postal, mas meu nariz péssimo. Não só o meu. É época de alergias de primavera, deflagrada por pólens espalhados pelo ar.
Nunca pensei que isso exisitia. Quando morava em Minas, não tinha problemas respiratórios, independente da estação do ano. Mudei-me para São Paulo. Recordo-me que nos dias de inversão térmica, durante os invernos, meu nariz não ficava nada feliz com a mudança.
Recentemente fui a São Paulo e sai com alguns amigos. Balada. Acordei no meio da noite sem conseguir respirar bem. Uma rinite súbita tinha uma origem: cigarro. Há algum tempo não me lembrava o quão desagradável era acordar com o fedor de algo que não consumiu – cigarro – e pagar uma desnecessária conta na farmácia com descongestionantes nasais.
Ontem, a Assembléia Legislativa paulista, que anda poluída de más notícias como o ar da capital estadual, aprovou um projeto importante para a população: proibir o uso de cigarro em lugares coletivos fechados.
Não falo isso devido à minha rinite, mas à saúde coletiva de muitos paulistas que pagam, em silêncio, um preço imposto pela ação anti-coletiva alheia. Pagam também tributos que financiam pacientes, nos hospitais públicos, com problemas pulmonares causados pelo fumo. É, no mínimo, injusto.
Na matéria que li havia a foto com um cartaz indagando quem iria prender os fumantes que desrespeitassem a lei. É uma pergunta importante, pois trata-se de como a lei será aplicada. Entretanto, eu responderia à senhora que carregava o cartaz: você. A sociedade tem o poder de se aperfeiçoar e promover decisões coletivas que favoreçam o público. Um lei só “pega”, quando há mudanças de conduta por parte da sociedade.
Tenho certeza que os paulistas estão prontos para isso. Espero que outros estados sigam o mesmo caminho aberto pela proposta encaminhada à Assembléia pelo Governador José Serra.
Para os deputados defensores de benefícios inexplicáveis a si concedidos, recomendo mais rinite causada por pólen de flores do que a derivada da hipocrisia humana. Estão bem perto do Parque do Ibirapuera, portanto, façam bom uso.
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