Mesmo após alguns anos, ainda recordo-me das cenas do filme “Hotel Ruanda” (2004), dirigido por Terry George, sobre o genocídio ocorrido em 1994 nesse país africano. Sábado estou embarcando para lá por motivos profissionais. Ao chegar, irei diretamente ao local em que filme se passou, o Hotel des Mille Collines.
Para expressar o quão dramática foi a situação de guerra civil em Ruanda, entre 1990-1995, a população do país reduziu-se em 25%. Parte dessas pessoas emigraram, parte foi assassinada (estima-se que 11% do total da população). As mulheres tutsis foram as mais afetadas – quando não mortas, foram, em sua maioria, estupradas.
As diferenças étinicas entre tutsis e hutus tornaram-se ainda mais problemáticas com o agravamento da situação econômica do país devido à queda de cerca de 50% do preço internacional do café, produto de maior peso nas exportações do país. Recursos externos, provindos de organizações multilaterais, entraram no país com o objetivo de melhorar a situação econômica e social. Há quem diga que parte desses recursos foi parcialmente destinado ao financiamento da guerra interna.
O resultado da guerra é que, mesmo com um grande ingresso de recursos externos, o país ficou 57% mais pobre entre 1898 e 1994.
Estudos recentes, como o de Sala-i-Martin, mostram que a pobreza melhorou no mundo todo nas últimas décadas. Menos na África. Há diferentes razões para isso, mas certamente guerra gerada por rivalidades tribais é uma delas. Entender a dinânica social dessas sociedades é fundamental para compreender os desafios de seu desenvolvimento.
Volto com notícias de Kigali.
Deixe um comentário