Milton Friedman costumava dizer que pessoas de trabalham em governo tem a vocação para ser mandonas. Se está certo ou errado, já é outro papo – creio que para mesa de bar. O ponto é que o discurso inflamado do Presidente sobre o pré-sal assim foi entendido pela mídia internacional. E mal recebido. Hoje o Financial Times publicou seu editoral trazendo para o público de investidores internacionais esta mensagem. Ontem, publicou a uma longa entrevista com a mandona do pré-sal, Dilma.
É incompreensível como o governo não assimilou ainda que um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento recente do Brasil não foi o governo, mas sim o setor privado – nacional e internacional. É uma evidencia clara, que até mesmo índices que classificam e comparam países, tais como o do Fórum Econômico Mundial e o Doing Business do Banco Mundial divulgados esta semana, podem capturar.
Se por um lado a equipe que desenvolveu o projeto do pré-sal soube pegar experiências internacionais sobre como lidar com a bonança gerada por descobertas de recursos naturais, parece que se esqueceu –por motivo ideológico? – que o governo brasileiro sozinho, mesmo sobre o rótulo da Petrobrás, não dará conta do recado.
O argumento da dívida social e da desigualdade é incompleto, portanto não convincente. É marqueteiro, pois ataca a consciência de culpa de todos nós, e é não sistemicamente integrado a uma estratégia de densenvolvimento, pois esta não existe. Basta olhar a política econômica da ditadura militar, que, ironicamente, parece ser a maior inspiração de vários economistas do governo, para saber que o governo gerenciou durante anos boa parte do setor produtivo e financeiro. Não deu conta do recado. O Brasil virou um ótimo exemplo de estado “capturado”. Por que iria mudar agora? Que evidências temos? Enfim, o resultado é o que vemos. Não por acaso.
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