Lula, Ahmadinejad e a auréola de barro

A popularidade subiu a cabeça. Lula está com o moral nas alturas no círculo internacional. Mas há indícios que a soberba o acometeu. Em reportagem para o Jornal Valor Econômico, dia 17 de setembro, dá sua visão de Brasil como se fosse o dono da padaria. Reconheço que há passagens sensacionais, bastante representativas do carisma do Presidente. Porém, carisma nenhum justifica a falta de respeito com o próprio cargo de representante da nação. A primeira pessoa, usada de forma hegemômica, é abominável neste caso – sobretudo quando fala de empresas nacionais como estivesse tratando-se de negócios da família.

A pretensão de uma pessoa iluminda faz parte do seu discurso internacional também, contra a fome, a favor da paz e de tudo que é bom do mundo. Todos, naturalmente, aplaudem. Os políticos se senbilizam com pessoas que tem uma história de vida exemplar, como Lula. Recordo-me que FHC comentou em um de suas entrevistas que até o Clinton admitiu ficar emocionado quando encontrava Nelson Mandela. Não estou comparando um com o outro, mas a subida ao poder vindo das ruas – brigando por direitos trabalhistas e democracia – ou da prisão –  lutando pela igualdade – sempre tem uma simbologia diferente. Este é o caso de Lula, sobretudo para o público europeu que, no geral, ainda tem uma visão romântica da América Latina.

Porém, há limites para esta auréola de barro. Hoje Lula falou na ONU como se fala no balcão da padaria batendo papo com pessoas que acabou de conhecer. Emitiu opiniões desnecessárias de apoio ao Irã e seu praticamente ilegítimo Presidente, Mahmoud Ahmadinejad, para quem a comunidade internacional vira as costas. O pano de fundo intelectual é deprimente, o do relativismo extremo: não julgo ninguém, ninguém me julga, e respeitamos qualquer coisa que não está dentro de nossas bordas. Como é possível fazer política internacional desta forma? Como é possível buscar a paz com esta lógica, já que não há como se opor a governos e, em hipótese, até mesmo a governos genocidas? Isso tudo é por causa de petróleo ou acordo de comércio com o Irã? A que preço? Qual é o preço da confiança da comunidade internacional e dos brasileiros?

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Fonte: Salvador Dali.

Lula passou incólume devido ao seu carisma, novamente. Porém, escolher a pessoa mais malquista no mundo para se aliar, não me parece muito sensato. Há tempo para reverter, Sr. Presidente. Afinal, não se esqueça, que não é o SEU governo, é NOSSO. O Sr. é somente nosso representante temporário.

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2 respostas para “Lula, Ahmadinejad e a auréola de barro”.

  1. Muito bom! Esse jeito personalista de fazer política é carismático, mas desastroso. No último discurso do G20, ele trocou país por partido!

  2. […] política externa de paz-e-amor do Brasil. O problema é quando o sentimento de pureza vem cheio de contradições de toda ordem. Hoje o Financial Times traz uma mensagem no mesmo sentido e, ainda, faz elogios à […]


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