O Brasil, assim como outros países emergentes, ampiará o aporte de capital e, consequentemente, seu poder nos Conselhos do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Isso já era previsto acontecer. Porém, o que não parece claro para o governo brasileiro é como utilizar sua participação em organizações multilaterias de uma maneira estratégica – em termos de política externa – e sistêmica.
Fonte: Getty Images (Spring Meetings, 2010).
As Diretoria Executivas do BM e do FM são ocupadas por indicados políticos do Ministro da Fazenda, enquanto a do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID) é preenchida por indicação do Ministro do Planejamento. Em prática, cada representante responde – de uma forma ou de outra – somente ao Ministro quem o indicou. Como resultado, sintomas de falta de diplomacia nesses orgãos por representantes brasileiros é resultado de indicações ad hoc. Recordo-me do atual representante brasileiro no BM se gabar de ter sido indicado para o cargo pois redigia programas de governo do então candidato a presidente Lula.
Por outro lado, o governo brasileiro preenche os cargos de representação na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, com diplomatas de carreira, tendo maior aderência à política externa.
Não sugiro que o Itamaraty passe a indicar diplomatas inaptos a lidar com temas econômicos para organizações como o BM, FMI e BID. Porém, é crucial que tenha certa organicidade entre a representação em organismos multilaterais e a política externa. Isso não é novidade. Qualquer país desenvolvido assim o faz. Se o Brasil quer mais, precisa fazer mais.
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