Quem vai tocar fogo?

Zé Dirceu continua incendiário. Não mede palavras para deixar claro seu poder no PT e sua ambição para que o partido reine de forma hegemônica no Planalto Central. Dilma é, entre mortos e feridos no pós-mensalão-Francenildo, uma circunstância do acaso que  expressa o “projeto político”  de 30 anos de história partidária. Ou seja, ela ganhando, quem manda é a cúpula partidária e não ela.

O deputado cassado aponta um inimigo claro – afinal sempre deve haver um inimigo para sustentar os projetos internos – : a mídia. Em português claro, o ex-guerrilheiro quer controlar a mídia, já que não está do lado deles e tampouco podem inseri-la facilmente na gorda folha de pagamento do governo, como faz com sindicatos e movimentos sociais e estudantis. Não são poucas as idéias que Dirceu tem que afrontam aos valores democráticos. Maria Inês Nassif faz, no entanto, uma análise no Valor Econômico de hoje que toca nos argumentos apresentados por Dirceu.

A mídia e a oposição (PSDB e DEM) falam consigo mesmas. Esqueceram, porém, de incluir o povo. Esqueceram-se porque acreditam – e como acreditam! – que política se faz com um pensamento elitista.  Uma vez que o chefe da tribo está com você, os índios estão com você. Alguns ainda confundem este comportamento com o conceito de democracia representativa. Esqueceram-se, aponta a jornalista corretamente, que a sociedade brasileira mudou. Milhões de pessoas saíram da pobreza, além do rádio e da televisão, comunicam-se por meu de mensagens pelo telefone celular, sabem usar computador e tem acesso à internet. Em poucos anos, muitas pessoas ganharam voz. Com a melhoria de suas vidas, tiveram um sopro de esperança também.

Vários brasileiros atribuem este novo momento de suas vidas a Lula, quem provavelmente elegerá uma pessoa-sem-história como sucessora. Infelizmente, é um olhar míope e que desconsidera a história e importantes personagens na construção de um país. Desconsidera, sobretudo, que tais melhorias são parte de um processo, como FHC costumava lembrar em seus discursos. 

Ao ignorar que outros processos, como de mudança social e tecnológica e de desenvolvimento partidário, a oposição perdeu espaço. Artigos em jornais aos domingos e incansáveis twitters não são suficientes para reverter este quadro político, à beira da “quase-mexicanização”. Sobretudo, porque não atinge o público alvo, o povo. Mudanças precisam surgir. participação será um conceito que a oposição precisará trabalhar melhor.

O fim da história não existe. Como não existirá neste caso também, pois o futuro é um processo que precisa ser construído. Qual será seu papel? Zé Dirceu sabe qual será o dele.

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